DIÁRIO DO NORDESTE, 21 dezembro 2008
Pachelly Jamacaru visitou o Caldeirão fora da época de romaria para redescobrir o lugar (Foto: ANTÔNIO VICELMO)
Crato. 71 anos depois da destruição do Caldeirão, a história da comunidade, liderada pelo beato José Lourenço, ainda emociona as novas gerações. O palco do drama épico, encenado pelos heróis do povo, ainda inspira poetas, escritores, jornalistas e fotógrafos. Na terra seca, inóspita e acidentada do Caldeirão, um grupo de agricultores escreveu com sangue, suor, lágrima e oração uma das mais tristes páginas da história do Ceará.
O Caldeirão suscita também alegria, trabalho, organização comunitária. É assim que o fotógrafo Pachelly Jamacaru repassa as imagens do Caldeirão da Santa Cruz de Deserto. Ele preferiu ir ao Caldeirão sozinho, fora da época da romaria, para não sofrer a influência da movimentação, ou melhor, a urbanização da área.
Na solidão daquele fim de mundo, o fotógrafo descobriu que a imagem de um cachorro em frente à capela, representava o último guardião de uma epopéia bem nordestina. O velho confessionário de madeira testemunha muda dos eventuais pecados, tendo como pano de fundo a figura do Padre Ibiapina que complementa o quando místico da localidade.
O velho Raimundo com sua mulher, Maria, e os quatros filhos, empunham inconscientemente a bandeira sacrossanta do beato, gritando por liberdade nas quebradas do sertão. As imagens vão repassando na cabeça do repórter como um caleidoscópio do passado.
Foi com esta concepção que Pachelly redescobriu o Caldeirão e refletiu através da lente de sua máquina o seu estado de espírito. Funcionário da Caixa Econômica Federal, ele fez da fotografia não somente uma terapia, mas uma forma emocionante de ver o mundo.
Cada um vê o mundo do seu jeito: uns mais coloridos, outros menos; uns alegres, outros tristes; alguns preocupados com problemas sociais, outros, em retratar situações inusitadas e divertidas. Pachelly diz que, no Caldeirão, viu o boi mansinho, o ritual das orações, a imagem carismática do beato, descendo e subindo ladeira com a cruz nas costas. “Para mim, fotografar o Caldeirão foi um desafio. Eu fui lá para brincar com as imagens”.
Reportagem: Antonio Vicelmo
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
A floresta das palavras - Por: Emerson Monteiro
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Lá de onde vêm o silêncio e os sonhos, dali também vêm as palavras. Elas
que sempre vivem soltas nos mundos invisíveis além da imaginação. Num mar
imenso...
Há 2 anos
2 comentários:
Parabéns pela reportagem, amigo Pachelly Jamacaru...
Merecido.
Um grande abraço,
Dihelson Mendonça
Obrigado Maestro Dihelson!
Abraço
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